Tenho acompanhado de perto a
intenção de novas montadoras de veículos comerciais de instalar fábricas no
Brasil. E tenho acompanhado também o preconceito que estes novos entrantes
sofrem, principalmente os de origem chinesa. Para muitos, caminhão bom é o das
marcas já estabelecidas aqui há décadas. A voz corrente diz que tudo que tem
procedência chinesa em termos de veículos não presta, oque eu discordo, pos
todos os principais produtores de peças e componentes automotivos estão
instalados na China. Ocorre que os mesmos fabricantes que estão aqui instalados
nem sempre produzem os mesmos veículos que produzem nos seus países de orígem.
Via de regra, vendem aqui produtos já fora de produção em seus países.
Eu
sou partidário da teoria de que uma nova marca que finca seus pés aqui obriga
de uma forma ou de outra as já existentes a se mexerem, se não quiserem se
arriscar a perder o mercado conquistado à duras penas com pesadíssimos
investimentos em Marketing e pré e pós- vendas. O mercado brasileiro sempre foi
restrito de participantes e pobre de opções. Por isso, acho bem vinda a entrada
de quem quer que seja para gerar emprego e produzir aqui. E por isto mesmo, por
ser um mercado restrito e com pouquíssimas opções, falta concorrência. A
concorrência é sagrada para o fortalecimento de qualquer mercado possível e
imaginável. E nos caminhões, não é diferente.
O
que os novatos no mercado brasileiro precisam fazer é mostrar a que vieram,
oferecendo boa rede de concessionários e assistência técnica (que precisa estar
bem distribuída e, sobretudo, bem preparada num país do tamanho do Brasil e não
concentrada no Sudeste, como é de praxe, porque é nessa região que se concentra
a maior fatia do PIB brasileiro), peças com preço justo, preço de aquisição do
veículo honesto, baixo custo de mão de obra e muitas outras qualidades.
O
que os usuários precisam fazer é entender o produto e dar a ele a devida
aplicação e manutenção, o que não parece ser o uso padrão que se faz com
veídulos das marcas já existentes. Eu costumo dizer que uma montadora instalada
aqui há décadas entende o mercado e sabe que caminhão tem que aguentar
desaforo. Os que estão chegando apenas sabem do tamanho do potencial do mercado
que existe aqui. Mas não sabe que um veículo de 380 cv vai ser obrigado a puxar
uma compisição de 9 eixos de 74 toneladas, trabalhar em regiões canavieiras e
madeireiras sob condições severíssimas de operação, em estradas de terras e
outras condições críticas. Com este conhecimento, as montadoras locais acabam
construindo um veículo super dimensionado, extremamente reforçado do chassi à
transmissão.
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